Restaurantes investem cada vez mais na qualidade de seus pratos mas esquecem de incluir nessa lista de exigências o cafezinho que, tradicionalmente, encerra a refeição dos brasileiros.
A qualidade do café que você serve está à altura de seus pratos?
A cena é clássica, seu cliente pede o cardápio, escolhe uma entrada, a bebida, enquanto decide por qual prato principal pedir. Para ajudar, solicita algumas explicações ao garçom e vai imaginando o menu enquanto ele explica o quão frescos e selecionados são os ingredientes, que foram escolhidos pessoalmente pelo chef.
Propaganda feita, o cliente se anima, faz o pedido, saboreia o prato e finaliza com a sobremesa. Tudo de-li-ci-o-so! Uma experiência gastronômica fantástica. Você então se sente satisfeito por conquistar mais um cliente. Só que não… Ele então decide pedir um café.
Gosto amargo
Café? Bom, você não pensou muito nesse detalhe e decidiu pela marca que dava mais vantagem, material de PDV, essas coisas, e nem pesquisou sobre o assunto.
Mas o que você esqueceu (e você não é o único) é que o seu cliente, assim como um apreciador da boa gastronomia, é também um apaixonado por café.
Pois bem, vai ser justamente o sabor do cafezinho que você escolheu servir que ele vai levar no paladar, e não o sabor dos temperos importados que você usa, ou daquele molho que levou dias para apurar.
O “detalhe” que amargou a experiência de seu cliente foi a qualidade do café que você não se preocupou muito em escolher para servir. Grãos torrados excessivamente, gosto residual ruim, forte amargor… A lista de defeitos pode ser longa.
Grand finale
Um serviço de qualidade também passa pelo café
O café é, na grande maioria das vezes, o último item a ser servido em uma experiência gastronômica e talvez um dos menos lembrados em restaurantes.
Os estabelecimentos que já perceberam isso e investem em cafés especiais, de qualidade, lucram e muito com essa escolha. É o grand finale, a cereja do bolo, o “fechar com chave de ouro”. É oferecer na xícara um tesouro do país que cultiva os melhores cafés do mundo, mas que insiste em servir os piores.
Se você está no time dos que acreditam que o café precisa estar à altura da qualidade dos pratos, já compreendeu que um serviço de qualidade passa por todos os itens de um pedido, da água ao café, da entrada à sobremesa. Se ainda não tinha se atentado para o fato, sempre é tempo de buscar por cafés de qualidade e incluir mais um diferencial nessa conta.
Por Ronaldo Muinhos, Diretor e especialista em café do Buenavista Café.
A Semana Internacional do Café, ou SIC, deste ano foi especial em todos os sentidos. Especial porque, mais uma vez, conseguiu criar um ambiente 100% focado no café especial, com muitas novidades, tanto no campo, quanto nas torrefações, cafeterias, novos métodos, equipamentos e máquinas. Especial também pois foi a primeira vez que o maior país produtor mundial de café recebeu os campeonatos mundiais de barista. Foram mais de 150 competidores de vários países disputando 4 tipos de competições.
A SIC deste ano ocorreu nos dias 7, 8 e 9 de novembro, no Expominas de Belo Horizonte. Organizada pela Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (FAEMG), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e pela Café Editora (Revista Espresso), contou com vários seminários, como o DNA Café, Conferência Global de Sustentabilidade do Café, IWCA Brasil (Mulheres do Café), premiação Coffe of the Year (Aábica e Robusta), diversas salas de cupping e cursos como o de Torra, Fermentação de café e Gestão de cafeterias.
Marcamos presença, mais uma vez, para conferir as novidades e tendências do mercado mundial de café na feira que, a cada ano, ganha mais destaque entre os players mais importantes de toda a cadeia cafeeira. Selecionamos, o que pra nós, foram os destaques da SIC 2018:
World Coffee Championship
A SIC 2018 teve sua data alterada para que fosse possível receber os campeonatos mundiais de café. Finalmente chegou a hora do maior país produtor coroar os campeões de Coffee in Good Spirits, World Brewers Cup, World Cup Tasters e World Latte Art.
World Coffee In Good Spirits Championship
Campeonato mundial da categoria que premia os melhores profissionais que preparam drinques alcoólicos com café.
Resultado Brazil 2018:
1º – Dan Fellows – United Kingdom
2º – Manos Mamakis – Greece
3º – Danny Wilson – Australia
4º – Artem Bakurov – Ukraine
5º – Min-Seo Kang – South Korea
6º – Dan Bacaintan – Italy
World Latte Art Championship
Os mais belos desenhos executados em xícaras usando café e leite, Os baristas precisam usar a criatividade para entregar aos juízes bebidas com contraste perfeito de cores, formas complexas, textura correta do leite e extração adequada do espresso.
Resultado Brazil 2018:
1º – Irvine Quek Siew Lhek – Malaysia
2º – Michalis Karagiannis – Greece
3º – Liang Fan – China
4º – Shinsaku Fukayama – Australia
5º – Agnieszka Rojewska – Poland
6º – Wonjae Choi – South Korea
World Cup Tasters Championship
Campeonato Mundial de Prova de Café premia o provador de café profissional que demonstra velocidade, capacidade e acuidade na distinção sensorial em cafés especiais.
Resultado Brazil 2018:
1º – Yama Kim – Austrália
Campeonato Mundial de Preparo de Café
O Campeonato Mundial de Preparo de Café é uma competição que valoriza a habilidade de se preparar cafés manualmente, promovendo assim a arte do preparo e a excelência em serviço.
Resultado Brazil 2018:
1º – Emi Fukahori – Switzerland
2º – Regine Wai Yee Beng- Malaysia
3º – Stathis Koremtas – Greece
4º – Pang-Yu Liu – Taiwan
5º – Kaoru Kamiyama – Japan
6º – Yeo Qing He – Singapore
Comandante Grinder
O Moinho de café manual de alta precisão Comandate Grinder foi, com toda certeza, um dos destaques da SIC2018. Produzido artesanalmente na Alemanha, o comandante é o melhor moinho manual desenvolvido até hoje especificamente para cafés Especiais. Seus discos de moagem, chamados de Nitro Blades, são usinados utilizando aço inoxidáveis austeníticos de alto teor de nitrogênio. Quando se adiciona nitrogênio aos aços austeníticos, consegue-se aumentar resistência à fadiga, resistência mecânica, resistência ao desgaste e à corrosão. O resultado é um moinho com alta precisão e pra vida toda! Conta ainda com acessórios como escovas de limpeza, capas e manivelas personalizáveis. Pra completar o grande buzz gerado, a Comandante promoveu o “1st Brazilian Comandate Championship”, premiando o vencedor com um modelo do moinho:
O Comandante Grinder modelo C40 Nitro Blade é vendido lá fora por $ 250,00. As vendas em solo nacional serão feitas através da Academia do Café, com o preço de R$ 1.350,00.
Máquinas de Espresso
Uma tendência que começou tímida na SIC 2017 e ganhou muita força neste ano foi a tecnologia embarcada nas máquinas de espresso. Os destaques positivos da feira foram das marcas italianas Sanremo e La Marzocco. A Sanremo apresentou seus modelos Opera 2.0 Wi-Fi e Café Racer. O modelo Opera conta com App onde é possível controlar mais de 10 variáveis em todas as etapas da extração. O modelo Racer foi destaque como patrocinador dos campeonatos World Coffee In Good Spirits e Latte Art.
Detalhes do App do modelo Opera 2.0 Wi-Fi
O que mais nos chamou a atenção foi o modelo Renagade Café Racer, com chassi artesanalmente oxidado para dar um aspecto de enferrujado e suas bolsas de couro laterais, no melhor estilo “Born to be Wild“. Possui um display em cada grupo e outro para controle da pressão e temperatura da caldeira.
Sanremo Renegade Café Racer
A La Marzocco apresentou o modelo Leva, que traz o novo conceito de perfil baixo, que é o design mais baixo das máquinas para facilitar e estimular a interação do barista com seus clientes. A Leva também reinventa as antigas máquinas com pistões, desta vez com muita tecnologia empregada. Através dos pistões, o barista pode intervir na pressão de pré-infusão, volume e pressão de extração em cada grupo.
A Leva também melhora muito a estabilidade da temperatura da tradicional máquina de alavanca, graças a um inovador controle de temperatura chamado de PID. Os displays digitais trabalham com um conceito clean, com apenas as informações relevantes e simplificadas. Os detalhes transparentes também nos chamaram atenção, nos quais é possível visualizar os componentes internos da máquina. Pilotando a máquina Leva estavam Priscila Pinheiro e Verônica Belchior (que foi nossa primeira barista e hoje é referência quando o assunto é café)! O preço da Leva de 2 grupos está em torno de R$ 120.000,00, o modelo mais caro da feira.
Fermentação de Café
A fermentação de café é um processo em que os grãos de café recém colhidos são colocados em recipientes hermeticamente fechados, onde ocorre, então, uma fermentação anaeróbica, o que proporciona o crescimento de leveduras que vão produzir ácidos cítricos, lácteos, acéticos além de outras substâncias. Com o objetivo de elevar atributos de qualidade de sabores e aromas de um café, o método vem ganhando destaque no país. O resultado são cafés com mais intensidade de sabor e aroma. O barista Léo Moço nos explicou que um café flat pode adquirir personalidade com este processo e, se antes era difícil identificar as características de um café, através do processo de fermentação, estes atributos se mostram sensorialmente muito mais claros. O método mais comum é o de maceração carbônica. Já Léo Moço, em parceria com fazendas do Paraná, vem desenvolvendo o método chamado de Sprouting Process. Nele, o café passa oito dias fermentando em bombonas para somente depois seguir para o terreiro de secagem. Este processo trabalha com o conceito de germinação.
Barista Leo Moço preparando um café fermentado pelo processo Sprouting.
A fermentação de café para aprimoramento dos atributos sensoriais, também chamada de positiva, induzida ou assistida, é um tema que cada vez mais vai ganhar espaço no país.
Mais de 400 amostras de arábica e robusta foram enviadas para a organização do COY este ano, vindas de diversas regiões produtoras. Foram selecionadas 180 (150 arábica e 30 robusta) para participarem da mesa de cupping durante o COY2018. As amostras passaram por avaliações físicas e sensoriais para chegar ao melhor café do Brasil da safra 2018/2019. Na categoria arábica, Afonso Lacerda foi o bicampeão, representando a Região do Caparaó, o segundo lugar ficou com Deneval Miranda Vieira, da região Montanhas do Espírito Santo, e o terceiro colocado foi Alessandro Hervaz, da região Mantiqueira de Minas.
O clima da SIC 2018 estava diferente, muitos estrangeiros trouxeram a diversidade de cultura que faltava nas últimas edições. O ambiente era de total alegria e celebração, encontros e descobertas. Enfim, seguimos acreditando na força transformadora do café especial, bebida que traz muitos conceitos, mas que tem como objetivo essencial proporcionar prazer e satisfação a quem aprecia! Já abrimos a contagem regressiva para a SIC 2019!
Por Ronaldo Muinhos, Diretor e especialista em café do Buenavista Café.
A Terceira Onda do Café vem resgatando os rituais e tradições dos métodos manuais nas cafeterias, que cada vês mais ganham o espaço do espresso. A tendência se fortalece cada vez mais com o ressurgimento de métodos antigos, como o Sifão (primeira patente do ano de 1830) e Chemex (inventada por Peter Schlumbohm em 1941) por exemplo, e a invenção de novos métodos, como a Kalita Wave e Clever.
Com a popularização destes métodos, um movimento secundário à Terceira Onda ganha força, é a difusão destes métodos, juntamente com suas técnicas de extração, para os lares dos entusiastas do café. É o que seria A Onda 3.5 do Café.
A Onda 3.5 do Café
Na Onda 3.5, o domínio das técnicas, bem como equipamentos e acessórios, passam a ser dominadas pelos consumidores finais e não mais apenas pelos profissionais baristas. Cada vez mais as pessoas investem em novos métodos, balanças de precisão, cronómetros, moinhos e vários acessórios que auxiliam a extração ideal. Surgem nas casas os “cantinhos do café” ou Coffee Stations. Entusiastas se reunem e discutem as extrações, fazer degustação de cafés de diversas origens e compartilham conhecimento. A Terceira Onda do Café então, rompe as fronteiras das cafeterias e chega aos lares!
Coffee Station.
A Quarta Onda do Café
É neste sentido de popularização do conhecimento e expansão para além dos pontos comerciais, que acreditamos estar surgindo a Quarta Onda do Café. O que seria um complemento à Onda 3.5 começa a ganhar força lá fora, principalmente nos EUA, e que já chama a atenção da indústria. É a Torra de Café em Casa ou Home Roasting!
Torrador manual Hario.
O Home Roasting se caracteriza pela torra de café verde em pequenas escalas para consumo próprio, tanto em equipamentos especialmente desenvolvidos ou métodos improvisados, como pipoqueiras ou até mesmo em panelas e frigideiras por exemplo.
Equipamentos de Torra
A indústria começa a desenvolver soluções para o Home Roasting. Vários modelos, formatos e tamanhos de torradores pessoais começam a surgir. A americana Behmor (http://behmor.com) é uma das pioneiras. Seu torrador Behmor 1600 Plus tem capacidade para torrar 450g por vez, possui controle de temperaturas, termometros e timers, conta também com um sistema que reduz a emissão de fumaça.
Behmor 1600 Plus
Outra fabricante americana que produr este tipo de torrador é a Hottop (https://www.hottopusa.com/) com modelos que torram entre 225g e 300g.
Um método muito conhecido por aqui é o bolinha. Torrador caseiro que pode ser colocado sobre o fogão para a torra de café. É bastante utilizada pelos adeptos do Home Roasting por ser prático e barato. Controlar o ponto de torra pode ser um pouco difícil, por ser fechado, impossibilitando o controle da cor. Existe até um forum sobre café discutindo o uso do bolinha, http://forum.clubedocafe.net/topic/840-torrador-bolinha/ .
Torrador bolinha.
Para quem está interessado em se aventurar no Home Roasting, conhecimento é fundamental. É preciso compreender o processo de torra, suas fases, variáveis que interferem no resultado, mudanças fisico-químicas, etc, para se obter um bom resultado. Experiência também é um importante fundamento para bons resultados, aprender com os erros e provar sempre cada torra e registrar os resultados vão garatir sempre melhores resultados à frente.
Sempre atento aos movimentos e tendências do mundo do café, nós procuramos apoiar o que acreditamos ser algo positivo, e o Home Rosting é algo que dá liberdade ao consumidor, além de disseminar o conhecimento, antes nas mãos apenas dos especialistas. Pode parecer contrassenso uma torrefação de cafés especiais, como nós, apoiar este movimento, mas nossa missão maior é garantir que as pessoas tenham ótimas experiências e momentos de prazer em torno do café, seja comprando ou torrando seu próprio grão!
Pacote de café verde Buenavista Café para Home Roasting.
Neste sentido, nós estamos lançando nossos pacotes de café verde, voltados para o mercado de Home Roasting. São pacotes de 300g, que é uma quantidade que consideramos ideal para a maioria dos torradores caseiros. Para conhecer os grãos disponíveis eadquirir seu pacote, basta entrar em contato conosco, conato@buenavistacafe.com.br!
A Quarta Onda do Café, pelo menos o que acreditamos ser um movimento neste sentido, expande as possibilidades de nossas experiências com o café uma vez que nos permite, de fato, ter o controle absoluto sobre o que estamos consumindo. Também é uma oportunidade para entender mais sobre os processos envolvidos na cadeia cafeeira, sim, para quem está interessado em entrar nesta Onda, o estudo será fundamental! Garantimos, por experiência própria, que o prazer será proporcional ao conhecimento adquirido!
Cartagena é um dos principais destinos turísticos da Colômbia, país conhecido pela qualidade de seus cafés de montanha. A cidade, que é patrimônio mundial pela Unesco, é um microcosmos da Colômbia em relação aos movimentos do mercado de cafés.
Fomos conhecer algumas cafeterias que estão iniciando o conceito de Terceira Onda do Café por lá, além de visitar as lojas da famosa marca da federação nacional dos produtores de café, a Juan Valdez.
Época Café
Época Café
Caminhando pelas ruas da cidade amuralhada é possível ser levado pelos aromas de café sendo torrados até a bela cafeteria Época Café. Um pequeno torrador é o responsável pelos aromas, dentro e fora da cafeteria. Com certeza não é o torrador principal, mas cumpre bem o seu papel de demonstrar a torra de café aos turistas bem como espalhar o aroma pelas redondezas.
Pequeno torrador do Época Café.
A cafeteria tem decoração em estilo clássico e fica localizada numa casa branca muito bem preservada. Conta com um menu completo, com vários métodos de preparo como Chemex, Hario V60, Frenchpress, Sifão, Aeropress e a Fretta, para cafés gelados ou Cold Brew. Tomamos uma Chemex, feita na nossa mesa por uma das baristas, sempre nos informando sobre os processos e características que iríamos encontrar no café. O café estava bem fresco, com sabores complexos e acidez muito sutil, um bom café!
Decoração clássica do Época Café
O Época Café ainda conta com espressos e cappuccinos preparados numa La Pavoni de 2 grupos do ano de 1956 e restaurada pelos donos.
Café Del Mural
Localizado numa estreita rua do fervilhante bairro de Getsemaní, encontra-se o Café Del Mural. Com decoração bem descolada, o Café Del Mural conta com um laboratório de cafés com vários métodos. Aqui o forte não são os espressos e sim os métodos da terceira Onda, a casa conta apenas com uma pequena máquina de espresso, mas é bem completa nos demais métodos.
Logo na entrada encontra-se um imponente torrador. O simpático dono, David Arzanus, nos conta que na Colômbia é extremamente difícil conseguir comprar cafés Especiais (acima de 80 pontos na SCA) por conta da forte política de exportação do país. Apenas 5% de toda a produção de Especiais ficam para consumo interno, o que torna o acesso à este tipo de grão impossível para as pequenas marcas.
Juan Valdez
A Juan Valdez é um exemplo organização, marketing e promoção dos cafés do país. Comandada pela federação nacional dos cafeicultores da Colômbia (FNC), a Juan Valdez é uma empresa de capital aberto e conta com uma enorme cadeia de lojas presentes em toda América Latina, EUA, Espanha e alguns países da Ásia.
Baristas em ação, Juan Valdez
Apesar de tratar-se de um conceito de fast food, percebe-se a dedicação em oferecer bons cafés aos consumidores. Aqui o forte são as bebidas geladas chamadas de Nevados. Mas também é possível encontrar os novos métodos da Terceira Onda.
Um conceito também da Terceira Onda são os novos cafés Single Origin da rede. Trata-se de cafés de diferentes origens, representando cada região produtora da Colômbia como a região de Tolima, Santander, Cauca, Nariño, Sierra Nevada, Huila e Antioquia, cada um com perfis de sabores e aromas próprios.
Novos cafés Single Origin
Nas lojas também é possível comprar canecas, xícaras, cafés liofilizados, copos térmicos e até roupas da marca.
A Colômbia produziu no último ano 14,312 milhões de sacas de arábica, destes, apenas 5% ou 716 mil sacas de 60Kg são direcionados ao mercado interno. Este número é insuficiente para abastecer as pequenas torrefações da Terceira Onda no país, de fato, é difícil encontrar cafés Especiais ou “De Especialidad” como dizem por lá. Nos locais onde fomos, as pessoas não estão muito habituadas com as terminologias da SCA (Specialty Coffee Association) e não sabem dizer as pontuações dos cafés, pois o acesso a esses grãos é extremamente limitado.
Nós brasileiros podemos nos sentir privilegiados em poder contar com pequenas marcas, como o Buenavista Café, que se esforça em estabelecer parcerias diretamente com os produtores, a fim de oferecer os melhores grãos produzidos aqui para seus clientes.
Gostamos muito dos cafés que tomamos por lá e, seguindo a tendência do aumento do consumo interno de cafés de alta qualidade, em breve estes cafés estarão disponíveis em novos locais e por novas marcas artesanais.
Então prepare suas malas e embarque nessa aventura cafeinada!
Por Ronaldo Muinhos, Diretor e especialista em café do Buenavista Café.
Que o Brasil é o maior produtor de café nós já sabemos, mas em quais regiões do país são produzidos os grãos de café que abastecem o mundo todo e também chegam até as nossas xícaras?
O café chegou ao Brasil em meados de 1720, através de uma expedição à Guiana Francesa, comandada pelo então governador do Grão-Pará (atualmente as regiões do Maranhão, Amazonas e Pará), João da Maia Gama. Com ordens expressas de conseguir algumas mudas de café, ficou incumbido ao Sargento-Mor, Francisco de Mello Palheta, a execução do plano de conseguir as mudas à qualquer custo, mesmo que clandestinamente. História ou lenda, expulso da Guiana sem as mudas, Palheta conseguiu algumas sementes através da esposa do governador da Guiana, que havia se apaixonado por ele. Mas isso é assunto para um outro Post.
O café, a despeito da forma com que entrou no país, expandiu-se rapidamente graças ao clima favorável, e passou a ocupar um lugar de destaque na geração nacional de riquezas. A cultura desenvolve-se por várias regiões, passando por Maranhão, Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná, mas foi em São Paulo, no Vale do Rio Paraíba, em 1825, que essa atividade deu origem a um novo ciclo econômico no país.
A expansão do café no Brasil.
Arábica x Robusta
O Brasil produz ambas as variedades comercialmente produzidas, Arábicas e Robustas (conhecido também por Conilon). Juntas, a produção nacional estimada em 2016 segundo a ICO (International Coffee Organization) foi de 55 milhões de sacas de 60Kg.
A área plantada do café arábica no país soma 1,78 milhão de hectares, o que corresponde a 81% da área existente com lavouras de café.
Produção em hectares. Fonte Conab 2017.
No Espírito Santo está a maior área plantada de Conilon do país, 266,47 mil hectares, seguido de Rondônia, com 83,34 mil hectares e logo após, a Bahia, com 49,12 mil hectares, concentrada na região do atlântico. Os três estados concentram 93,4% da área cultiva no país, sendo o Espirito Santo responsável por 62,4% da área total.
Produção em hectares. Fonte Conab 2017.
Regiões
Minas Gerais
Minas Gerais concentra a maior produção mundial de arábica do país com 24,04 milhões de sacas de arábica anual e 334,1 mil sacas de conilon.
1) Sul de Minas
O clima e o relevo favoráveis, aliados a uma produção artesanal da bebida, são os segredos da premiada região. No sudoeste dessa região, há cidades produtoras, como Guaxupé, que tem a maior cooperativa do Brasil, a Cooxupé, e as cidades de Varginha e Três Pontas. O Sul de Minas tem temperatura amena entre 18ºC e 20ºC e altitudes elevadas de até 1.400 metros. Tornou-se um dos principais produtores de cafés especiais do Brasil. Os grãos produzidos em sua região Sudoeste possuem corpo médio, acidez alta, adocicado, com notas florais e cítricas e nas áreas de montanha, corpo aveludado, acidez alta, adocicado, com notas de caramelo, chocolate, amêndoa, cítricas e frutadas. O Sul de Minas é responsável pela produção de 13.219 mil sacas de arábica.
2) Região Mantiqueira de Minas (Indicação Geográfica)
Situada na face mineira da Serra da Mantiqueira, no sul do estado de Minas Gerais, está a região da Mantiqueira de Minas. Com uma tradição secular na produção de cafés de qualidade, a Mantiqueira de Minas é hoje uma das regiões mais premiadas do Brasil. Em 2011, foi reconhecida como Indicação Geográfica (IG), na modalidade Indicação de Procedência (IP), pela sua tradição e reputação mundial em produzir cafés especiais com um perfil sensorial altamente diferenciado. Esses são cafés raros e surpreendentes, refletindo a combinação de um terroir único e do saber fazer local que busca continuamente a excelência. Produz 1.340 mil sacas ao ano.
Entre os municípios destaca-se Carmo de Minas, uma pequena cidade que conquistou muitos prêmios, considerada a “Capital Mundial dos Cafés Especiais”. Outras cidades na região que se destacam em produção são Conceição das Pedras, Paraisópolis, Jesuânia, Lambari, Cambuquira, Cristina, Dom Viçoso e Pedralva. Os grãos Cereja Descascado (Via úmida) possuem notas cítricas e florais, corpo cremoso e denso, acidez cítrica com intensidade média alta, doçura alta e finalização longa, já os Naturais (Via seca) possuem acidez média-alta cítrica, floral, frutado, corpo cremoso e denso, acidez média-alta e doçura alta.
3) Chapada de Minas
A mais nova fronteira de Minas Gerais, explorada para o plantio de café, é a Chapada de Minas, no Vale do Jequitinhonha, onde está a cidade de Capelinha, que concentra parte importante da produção local. Entre as cidades produtoras estão também Angelândia, Montes Claros e Buritizeiro. Grãos produzidos aqui possuem como características o aromas de caramelo, frutas passa, corpo denso, acidez cítrica com notas de capim limão. Atualmente produz 602,9 mil sacas, sendo 486 mil sacas de café arábica e 116,9 mil sacas de conilon.
4) Matas de Minas
A Região das Matas de Minas é uma origem produtora
de cafés especiais, composta por 63 municípios, como Diamantina, Presidente Kubitschek, Manhuaçu, Ervália, Araponga e Viçosa.
Está situada em uma área de Mata Atlântica, no leste do
Estado de Minas Gerais. Produz 6.578,2 mil sacas, sendo 6.361 mil sacas de café arábica e 217,2 mil sacas de conilon. Como características sensoriais, destacam-se o sabor adocicado com notas cítricas, de caramelo e chocolate, aroma intenso com notas florais à cítricas e corpo elevado, acidez delicada e equilibrada e finalização persistente.
5) Cerrados de Minas
Os cafés do Cerrado de Minas Gerais são caracterizados pela bebida fina, corpo forte e excelentes aroma e doçura. São produzidos em altitudes entre 800m e 1.200m. A região tem estações bem definidas com verões quentes e chuvosos seguidos por invernos secos e frios. Ou seja, o clima ideal para o cultivo de cafés naturais de alta qualidade. O padrão climático do Cerrado é singular e ajuda a produzir excelente cafés Arábica processados por via natural (secos ao sol). A florada é concentrada, o amadurecimento é uniforme e é acompanhado por bastante luminosidade, ajudando a fixar aroma e doçura.
6) Cerrado Mineiro (Denominação de Origem)
O fruto começou a ser cultivado na região tardiamente, na década de 1970, por agricultores paranaenses que fugiam das geadas e paulistas que enfrentavam o problema de nematoide. Na época não havia tecnologia que permitisse plantar na região. Por meio da calagem (técnica que corrige a acidez do solo) e da irrigação, o cultivo em grande escala tornou-se possível. Os cafeicultores também investiram na qualidade e foram pioneiros na produção do café especial, com origem e qualidade garantidos. O Cerrado Mineiro apresenta clima seco durante o período da colheita, o que faz com que o café sofra menos com a umidade depois de colhido. A região, que abrange 55 municípios localizados no Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste de Minas, conquistou a Denominação de Origem em 2013 e foi a primeira de café do país a receber este reconhecimento. As principais cidades produtoras são Patrocínio, Monte Carmelo, Araguari, Patos de Minas, Campos Altos, Unaí, Serra do Salitre, São Gotardo, Araxá e Carmo do Paranaíba. As principais características do café produzido nesta região são o aroma intenso, com notas de caramelo e nozes, acidez delicada e cítrica, encorpado, sabor doce com notas de chocolate e finalização longa duração. Produz 5.000 mil sacas ao ano.
São Paulo
Ao todo, o estado de São Paulo produz cerca de 4,33 milhões de sacas ao ano e tem como principais regiões produtoras a Alta Mogiana, que se prolonga além da fronteira com Minas Gerais, Mogiana, Média Mogiana, Marília e Garça e Ourinhos e Avaré.
7) Alta Mogiana (Indicação Geográfica)
Tradicional produtora de cafés, congrega quinze municípios paulistas como Altinópolis, Batatais, Buritizal, Cajuru, Cristais Paulista, Franca, ltirapuã, Jeriquara, Nuporanga, Patrocínio Paulista, Pedregulho, Restinga, Ribeirão Corrente, Santo Antônio da Alegria e São José da Bela Vista, e oito municípios mineiros, Claraval, Capetinga, Cassia, Ibiraci, Itamogi, Sacramento, São Sebastião do Paraíso e São Tomas de Aquino, distribuídos em meio aos polos cafeeiros de Franca, Pedregulho (um dos municípios mais altos do estado) e Altinópolis. Os cafés produzido aqui possuem aroma marcante, frutado com notas de chocolate e nozes, corpo cremoso aveludado, acidez média e muito equilibrada e finalização prolongada com uma doçura de caramelo e notas de chocolate amargo.
8) Mogiana
A bebida produzida nesta região é bastante encorpada, com aroma frutado e sabor suave e adocicado. Uma das mais tradicionais regiões produtoras de café Arábica, a Mogiana está localizada ao norte do estado de São Paulo, com cafezais a uma altitude que varia entre 900 e 1.000 metros. A temperatura média anual é bastante amena em torno de 20°C. A região produz somente café da espécie Arábica, sendo que as variedades mais cultivadas são o Catuaí e o Mundo Novo.
9) Média Mogiana
Nesta região, a maior concentração de café fica em São João da Boa Vista. É uma área climaticamente apta para o grão, montanhosa e com alguns municípios acima de 1.000 metros de altitude, produtividade alta e de muito boa qualidade. Tem como limitação a mecanização em áreas de topografia acentuada. A produção de café abrange cinco dos 16 municípios produtores, sendo alguns deles Espírito Santo do Pinhal, Santo Antônio do Jardim e São João da Boa Vista. Os grãos possuem boa acidez, doçura média, corpo médio, notas de chocolate, castanha e nozes.
10) Marília e Garça
Na região de Marília e Garça, a expansão do café ocorreu um pouco mais tarde, no começo do século XX. A umidade é baixa, o que possibilita produzir uma bebida de ótima qualidade e que rende prêmios à região. A colheita mecanizada é prática comum, pois a topografia plana favorece a técnica, o que otimiza o tempo de trabalho, reduz a mão de obra e, consequentemente, diminui os custos de produção. O arábica é predominante, com milhares de pés, e agricultura familiar. O planalto reúne treze municípios com lavouras de café. Os cinco maiores produtores são Garça, Gália, Vera Cruz, Alvinlândia e Álvaro de Carvalho.
11) Ourinhos e Avaré
Os municípios de Piraju, Tejupá, Timburi, Fartura, Ourinhos e Sarutaiá destacam-se entre os que mais produzem cafés premiados na região. O maior problema enfrentado pelos produtores é a umidade relativa do ar, que provocava uma fermentação maior no café. A solução encontrada foi ao adoção do tipo cereja descascado. A região de Ourinhos é a terceira mais produtiva do estado. Os cafés produzidos nesta região possuem corpo médio, elegante, com acidez cítrica, aromas de erva-cidreira e capim-limão e finalização adocicada.
Bahia
Com produção anual de 3,36 milhões de sacas, o estado possui três regiões produtoras, Cerrado, Planalto e Atlântico Baiano.
12) Planalto Baiano
A região produção 690 mil sacas ao ano. Com altitude média de 850 metros e temperatura amena, as características são ideais para o cultivo do arábica. A colheita é feita durante o inverno chuvoso e exige maior atenção dos produtores na hora da secagem. Entre as cidades desta região destacam-se por seus prêmios, Piatã, Mucugê, Ibicoara, Vitória da Conquista, Barra do Choça e Poções. Seus cafés são encorpados e aveludados, adocicados, com acidez cítrica, notas de nozes, chocolate e final prolongado. A região está subdividida em Chapada Diamantina, Planalto de Vitória da Conquista e Serrana de Itiruçu\Brejões.
13) Cerrado Baiano
Apesar do cultivo recente, iniciado há apenas uma década, o café do Cerrado Baiano consolidou-se rapidamente. Hoje, a cultura ocupa uma área de 13 mil hectares e é responsável pela produção de aproximadamente 500 mil sacas ao ano. Para enfrentar o clima seco e o solo arenoso, as fazendas contam com modernas técnicas de irrigação, sendo que a mais utilizada é a do pivô central, o equipamento funciona girando em torno de um eixo enquanto irriga áreas circulares. As principais cidades produtoras são Barreiras, Luís Eduardo Magalhães e São Desidério. Cafés produzidos aqui são encorpado e com baixa acidez.
14) Atlântico Baiano
Localizado ao Sul da Bahia, esse polo também investe em qualidade. Os grãos de robusta são processados pela via úmida (cereja descascado ou lavado), técnica já bastante comum também entre os produtores de arábica. Produz anualmente 2.380 mil sacas de robusta.
Espírito Santo
O estado produz 5.915 mil sacas de conilon e 2.920 mil sacas de arábica.
15) Montanhas do Espírito Santo
O café produzido nesta região montanhosa, acima de 400 metros, é o arábica. A partir da década de 1980, foi iniciado um trabalho de melhoria da qualidade. As técnicas tradicionais foram substituídas por novas máquinas, o que possibilitou maior controle no processamento do grão. As principais cidades produtoras são Afonso Cláudio, Venda Nova do Imigrante, Alfredo Chaves e Castelo. Características do café, encorpado e com acidez de média a alta, doçura e boa complexidade de aromas.
16) Conilon Capixaba
O Espírito Santo concentra a maior produção de robusta do Brasil. É responsável por 59,6% da produção nacional desse grão. O cultivo de conilon no estado ganhou força após a década de 1960, época em que o governo federal lançou o plano de erradicação dos cafezais, depois de uma série de problemas enfrentados pela cultura. Com a recuperação das plantações, em 1970, a reimplantação do arábica se restringiu às áreas de montanhas. Assim, para as regiões mais baixas (400 metros), surgiu a cafeicultura do conilon. Em pouco tempo, e apesar de alguma resistência ao plantio, o grão passou a ocupar espaços deixados pelo arábica, consolidando-se em terras capixabas. O trabalho dedicado de pesquisadores no estado levou a um grande avanço tecnológico no setor, com seleção de melhores materiais genéticos, lançamento de variedades clonais e investimentos em processamento e pós-colheita para a melhoria no padrão de qualidade da bebida.
Paraná
O estado do Paraná é responsável pela produção anual de 1,21 milhão de sacas.
17) Norte Pioneiro do Paraná (Indicação Geográfica)
A região dispõe de fortes cooperativas, institutos agronômicos e de pesquisa e ainda produtores empenhados para que o crescimento da cafeicultura seja forte e constante. A Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (Acenpp) e a Cooperativa de Cafés Especiais e Certificados do Norte Pioneiro do Paraná (Cocenpp) abrangem 45 municípios e contam com a participação ativa de aproximadamente 300 produtores. As principais cidades são Jacarezinho, Ribeirão Claro, Carlópolis, Ibaiti, Abatiá, Joaquim Távora, Pinhalão, Santo Antônio da Platina. Os grãos desta região apresentam corpo médio, doce, com acidez média e notas de chocolate e caramelo.
18) Paraná
A cultura cafeeira foi implantada em 1930 e hoje o estado ocupa o quarto lugar na produção brasileira. O Paraná é responsável por 2,25% do cultivo de café no País. Além da região norte do estado, há produções no centro e no oeste paranaense. Mesmo com o declínio após o ciclo de geadas dos anos 1960 e 1970, o café ainda é um importante produto agrícola dessas duas regiões, sendo o que mais gera renda na atividade agrícola do município de Apucarana. Outras importantes cidades da região são Londrina e Maringá. Apenas o arábica é cultivado em plantações adensadas, que usam variedades adequadas ao clima mais frio da região.
Rondônia
19) Rondônia
Estado da região Norte do Brasil, tem uma produção anual de 1,94 milhões de sacas e cultiva exclusivamente café conilon (robusta). A cafeicultura é tradicional e familiar, com pequenas propriedades.
Rio de Janeiro
20) Rio de Janeiro
Atualmente, o Rio de Janeiro possui 1.420 propriedades produtoras de café, as quais produzem anualmente 349,1 mil sacas de café arábica. A geração de empregos é da ordem de 3.500 postos de trabalho diretos, sendo 1.500 permanentes e 2.000 temporários. Possui duas regiões, a nordeste, com cafeicultura mais tradicional e a região serrana, que tem se destacado pela busca por arábicas de alta qualidade, com destaque para as cidades de Bom Jardim, Duas Barras e Trajano de Moraes.
Fontes:
[1] Acompanhamento da Safra Brasileira V. 4 – SAFRA 2017, Setembro 2017. Conab; [2] BSCA – Cafés Especiais do Brasil; [3] Relatório sobre o mercado de café – Setembro de 2017. Internacional Coffee Organization.
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